quinta-feira, 31 de março de 2011

Ser criança é mais fácil...



As vezes, nos escondemos atrás de tantas armaduras para nos proteger que acabamos
perdendo o tato que nos mantem em contato com a vida.
Até que ponto vale a pena se proteger?
Até que ponto vale a pena se proibir de acreditar?
Até onde se ganha em ser realista e, nada mais?
Não sei...
Mas uma coisa é certa, ser criança é bem mais fácil que se tornar um adulto de pés no chão.


Camila Lourenço

quarta-feira, 30 de março de 2011

Da intensidade...


Que a minha intensidade não me impeça de respirar vezenquando, pois suspiro o tempo todo pra encontrar espaço nesse peito que já nem se cabe. Que essas explosões de vida, de beleza e dor me permitam ao menos, por alguns momentos, absorvê-las com tranqüilidade: para que eu consiga dormir sem ter de chorar ou gargalhar até a exaustão, pois sinto falta de apenas lacrimejar ou sorrir sem contrações, descontraída. Que a felicidade não me doa sempre e tanto, a ponto de assustar. Que haja alguma suavidade nos meus olhos diante do cotidiano e que eu não me emocione exageradamente com esta delicadeza. Que eu possa contemplar o mar sem que ele me afogue por completo. Que eu possa olhar o céu imenso e que isso não me aniquile por lucidez extrema. E que quando eu escrever um texto, ao ser publicado, assim, despido de qualquer revisão emocional, dotado apenas da intuição que me foi dada, que encontre a fonte precisa que agasalhe a palavra “palavra”. Que eu não viva só em caixa alta, com esses gritos que arranham silêncios e desgovernam melodias. Que eu saiba dizer sem que isso me machuque demais. Que eu saiba calar sem que isso me provoque uma tagarelice interna inquieta. Que eu possa saber dessa música apenas que ela se comunica com algo em mim, nada mais. Que eu possa morrer de amor e, ainda sim, ser discreta. Que eu possa sentir tristeza sem que ela se aposse de toda a minha alegria. E que, se um dia eu for abandonada pelo amor, não deixe que esse abandono seja para sempre uma companhia.

Marla de Queiroz

terça-feira, 29 de março de 2011

Transmudando...


Quisera descansar meu peito como se houvesse outra vida em mim. Saber-me dona do meu tempo, repousada e calma na inspiração. Quisera encontrar abrigo numa paz maciça de esquecimentos. E que o dia não terminasse abrupto na eternidade do melhor momento.
Mas há que se dizer de fases em que algumas frases vêm anoitecidas. E a força foge ao controle e a tristeza invade um bocado da vida.E o choro não resolve nada, nem nos desvencilha desse mar de dor. Se o peito de engasgado cala, quem será a voz a me falar de amor?
Mas há que se dizer também que nunca uma frase dói a fase inteira. Palavra também amanhece e o pensamento tem que acordar junto. Por isso que o choro seca, que ao amor há entrega porque finda o luto. Descubro que em tempos de guerra o peito se cala, mas na poesia nunca fica mudo.


Marla de Queiroz

segunda-feira, 28 de março de 2011

Sem tempo...


“... Sem tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em lugares onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte... Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos". Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.”

  
. Rubem Alves .
 
 

domingo, 27 de março de 2011

...



(...)Por isso centenas de leis, promessas, amarras e justificativas.
Que levam os amantes para um só lugar, o umbral dos corações, o nada.
Toda pessoa que amou sabe o que é isso e suspira profundamente,
tentando expelir este vazio da boca.
Mas, já tem a alma como uma blusa de seda furada com um broche.
Não há nada o que se fazer a respeito.
Nada. Pois o vazio está tão presente quanto o oxigênio que os pulmões bombeiam.
É o estado terminal alcançado pela desvalorização de um grande amor.
Quando está morto feito um boneco suspenso por fios de náilon.
E é deixado assim, como cadáver à mostra, para que todos vejam.
Permitindo e aguardando o final mais triste,
quando a carniça tomba depois de ser mordida por centenas de urubus.
A metáfora poderá parecer por demais exagerada, mas que seja.
É essa correta descrição de um amor carregado pela comodidade.
E, para ratificar a feiúra deste costume tão humano,
pode-se comparar o fim do amor como uma feira,
que começa cheia de flores e frutas perfumadas e termina com lama e restos.


Fernanda Young

sábado, 26 de março de 2011



A intelectualidade nos alerta para o campo fechado e repressor da certeza fanática, enquanto a imaginação alça voo longe na planura e nas montanhas de altos cumes de onde lança sua luz igualitária; nenhum homem está acabado; todo homem nasce bruto para depurar-se na proximidade com o outro. A natureza nos dá farto exemplo de sua necessária coexistência, então, pergunto-me: porque não podemos viver juntos? Porque caminho pelas ruas e deslumbro a sombra da tristeza no olhar cabisbaixo de um semblante necessitado? Porque a chuva tornou-se uma afronta ao modelo de vida? E, as flores? Qual é a diversidade de cores e perfumes? As vezes é como se houvessem deixado de existir. Imagine por um instante o sol banhando um extenso campo de flores, o vento em sua carícia insistente levando-lhe o perfume, que apressado declina o aroma em ti; ou imagine o canto delicado do pássaro matutino lembrando-lhe da noite serena e repleta de estrelas. “Ora (direis) ouvir estrelas! Disse Bilac – Certo perdeste o senso!” “E eu vos direi, no entanto, que para ouvi-las muita vez desperto e abro a janela, pálido de espanto.” Porque não direcionar o olhar para o sublime? Porque encerrar a alma no cárcere do veiculo vicioso? Carros se acumulam nos ferros-velhos, prédios desmoronam, pontes balançam, roupas perdem o viço, bebidas causam vertigem, telefones buscam sinais distantes, e em tudo isto em que canto obscuro jaz o homem? Aquele sonhador atropelado com a leveza do passo, aquele lírico verso descabido que cabe apenas no peito, colado na alma, junto as coisas sublimes; a vida é renovar-se na água engrene dos oceanos, é vento em linha, seu sentido é a amplidão e a pluralidade, por isso cabe em todos os homens. Disse o poeta “que o homem quando sonha é um Deus, e mendigo quando reflete”, e parece-me acertado dizê-lo, pois os homens são pobres a luz da reflexão se não conservam nela o fervor do sonho, do ideal. Em 1968 no muro de Paris foi encontrado a seguinte frase: “O que eu mais quero é que as ideias voltem a ser perigosas.” Estou a compartilhar uma ideia – a ideia de que todos podemos depurar a alma para elevá-la em sua existência, construindo em sua estrutura um mundo melhor, onde homens se sintam leves e não pressos em campos de concentração em trabalhos forçados; onde homens são homens, mortais é certo, no entanto, iguais e dissonantes na sua particularidade. Nenhum homem é uma ilha, dentro de si há uma humanidade. Reavivemos em cada um de nós essa humanidade. Sei, lhe acentuará no ouvido a prerrogativa “de que as mudanças e o progresso são utopias, apenas castelos de vidro ou desenhos no ar.” Faça o uso da tua inteligência e verás na lógica da história o contrário: a extinção de práticas de canibalismo, de incesto, linchamento de mulheres adúlteras ou o comércio de escravos mediante pagamento de dívidas, derrota militar ou intimidação física – nos mostram a possibilidade do progresso. Progredir requer esforços e sacrifícios, entretanto, cabe-nos discernir no horizonte a faixa de luz na qual podemos acentuar a forma; cada qual caminha defronte sua história, e por tanto, apenas a partir dela é possível construir a mudança. Olhe para si mesmo e olhe para o próximo, a distância que os separa é minima e as diferenças são aparentes. Uma pergunta, talvez a última – em que linha no horizonte acaba a terra e começa o céu? Disse-lhe que era a última, me enganei: em essência em que traço começa você e em que traço começa o outro? Se fosse um espelho, seriam um só...

Vinícius - Blog Folhas Avulsas


sexta-feira, 25 de março de 2011

O tempo fechou e agora?



A psicoterapeuta paulista Sandra Taiar nos ajuda a compreender o que acontece conosco em momentos de imensa dor e como sobreviver às tempestades que nos pegam de surpresa no meio do caminho.

De uma forma ou de outra, todas nós já experimentamos dias que amanhecem como qualquer um e dão uma guinada, abalando nossas estruturas. A psicóloga paulista Sandra Taiar interpreta o modo como respondemos a tais surpresas e mostra como é possível adquirir mais equilíbrio apesar da intensidade das circunstâncias. Psicoterapeuta há 25 anos, ela pratica e pesquisa a metodologia formativa do americano Stanley Keleman, criador da terapia somática formativa, que leva em consideração, entre outras coisas, a influência do corpo, da mente, da emoção e da sexualidade na nossa maneira de pensar e agir.

Por que sentimos tanto medo do que é inesperado?

Numa realidade em que nada permanece no mesmo lugar durante muito tempo, o desejo básico da maioria das pessoas é de estabilidade, continuidade e duração. Por exemplo: testemunhamos um número crescente de divórcios e separações, mas o sonho de muitas mulheres ainda é ter uma relação estável e duradoura, como as de antigamente. O mesmo acontece no mundo corporativo, onde o risco de uma demissão ou a descontinuidade de um trabalho. O TEMPO FECHOU... E AGORA? Quanto mais mudanças nos ameaçam, mais nos apegamos com unhas e dentes a tudo que acena com um mínimo de segurança. Ou seja, desejamos que a vida permaneça a mesma.

Quais as consequências sociais dessa contradição entre o desejo de permanência e a realidade em constante transformação?

Nesse mundo vertiginoso, não somos estimuladas a amadurecer respostas para as sucessivas crises e desafios que enfrentamos. Temos de estar sempre prontas para mudar e, para complicar, somos seduzidas continuamente por imagens idealizadas de perfeição e sucesso e por uma forte pressão por produtividade, sob pena de exclusão. Essa é a grande crise, o pânico de que a qualquer momento podemos ser excluídas e perder territórios conquistados. O medo do inesperado e a impossibilidade de assimilar as mudanças nos levam a situações crônicas de depressão, solidão, vazio e falta de sentido. Na tentativa de compensar o ritmo dessa sociedade, nos apegamos a valores tradicionais, que ainda nos dão a sensação de segurança, como o casamento, a estabilidade no emprego e os papéis femininos tradicionais. Talvez estejamos diante de uma sociedade de transição, que emerge de uma tradicional e estável para outra mais móvel e dinâmica.

Por que é tão difícil aceitar a mudança repentina?

Porque, em parte, precisamos da repetição, do previsível, pois assim construímos nossa estabilidade emocional, profissional, financeira e afetiva. Durante a primeira metade da vida, essencialmente, construímos essa estabilidade. Faz parte dessa fase competir, vencer, justamente com o objetivo de adquirir segurança. Ao mesmo tempo, formas muito rígidas nos asfixiam. Também precisamos do movimento, da mudança e da fluidez. Vivemos em busca de um equilíbrio entre esses dois aparentes paradoxos.

O que acontece quando uma pessoa se vê diante de algo que causa um choque emocional?

A resposta depende da maturidade, do quanto se consegue lidar com a situação ou ser machucado por ela. Ao mesmo tempo, um choque sempre dispara o mecanismo do susto, uma forma de proteção automática diante de situações de emergência, desenvolvida pelo ser humano ao longo da evolução. Diante do choque, de uma dor excessiva, temos três alternativas de atitudes. A primeira seria partir para um enfrentamento e ataque – endurecemos todo o corpo e bombeamos sangue para a parte superior, preparando-nos para lutar. Na segunda, a pessoa não se decide entre o ataque e a vontade de fugir, fica indecisa, sem ação ou tem atitudes conflitantes. Uma terceira atitude é o colapso total (desmaio) ou a fuga, assumindo que somos incapazes de enfrentar a situação. Essas respostas a momentos emergenciais são resultantes do nosso processo evolutivo – cada um de nós tem uma maneira quase padronizada de reagir: há os enfrentadores, os que ficam meio paralisados entre fugir ou enfrentar e há aqueles que preferencialmente decidem não enfrentar e fugir.

A reação diante da mudança repentina depende muito do que a pessoa já vivenciou?

Sim. Todos nós crescemos enfrentando desafios e ameaças. Um acontecimento que é vivido como assimilável por alguém pode ser pesado demais para outra pessoa. E a intensidade dessas agressões depende do momento em que ocorreram em nossa vida, de quantas vezes aconteceram, de onde partiram e de sua duração e gravidade. A reação tem a ver ainda com o tipo de apoio que se recebeu ou não. A ausência temporária dos pais, por exemplo, pode ser vivida como agressão, para uma criança pequena, e apenas como um desafio, para uma criança maior. Uma crise financeira pode ser um estímulo a mudar, mas, se for muito intensa, também pode implicar perdas e desagregação familiar. Em geral, a tendência é repetir um mesmo tipo de reação diante dos choques. Se a repetição for mecânica e automática, porém, é sinal de que temos poucos recursos para encontrar saídas para desafios diferentes.

As pessoas que nos servem de referência também influem no jeito como reagimos?

Sim. A forma de reação das pessoas que representam referências importantes é que nos ajuda a construir respostas às crises. Se tivermos pessoas estruturadas na família, por exemplo, podemos nos fortalecer diante do imprevisto. Da mesma maneira, se já conseguimos superar com relativa facilidade outras mudanças bruscas no passado, essa capacidade também nos ajuda a vencer novos traumas. Quanto mais positivas forem as experiências anteriores e as referências de pessoas próximas diante de uma dor inesperada, mais fácil será a reação e a recuperação.

Depois de um choque inicial, então, o que pode ocorrer?

A resposta imediata é a investigação e o enfrentamento. São momentos em que escolhemos entre avançar ou recuar, enfrentar ou fugir, lutar ou ceder. Se o choque ou a agressão prossegue, podemos ficar excessivamente rígidos, buscando manter a integridade. Se a ameaça continuar, vem a dúvida: enfrentar ou voltar e fugir? O conflito, frequentemente, nos congela na posição de dúvida. Às vezes, a resposta é desistir de lutar, inclusive desmaiar, para diminuir a pressão interna. Essas formas de reação são emocionais e corporais e geralmente devem persistir apenas sob o impacto da emergência. Se elas não são superadas, podem se tornar comportamentos com efeito nefasto, limitando nossa capacidade de responder a outras crises.

Por que algumas pessoas parecem anestesiadas com um choque?
Muitas delas buscam viver depois como se nada tivesse acontecido...

Às vezes, precisamos da anestesia para poder suportar uma dor muito forte. É um mecanismo de proteção, desenvolvido no processo de evolução. Porém, se a situação de anestesia se prolonga, se congela no tempo, e se a pessoa prossegue negando a situação desafiadora, então ela será afetada de modo mais extenso, se anestesiando e negando outras situações de vida, o que vai comprometer seu desenvolvimento. Por outro lado, se alguém se congela no estado de alerta extremo, pode se tornar permanentemente tenso, mesmo quando não há ameaça iminente. Quando o medo faz estancar o psiquismo num momento de resposta agressiva, o risco é que a pessoa reaja sempre com agressividade seja qual for a situação. E, nesses casos, o equilíbrio está comprometido, pois o que pode ser natural e aceitável diante de um grande susto passa a ser patológico e prejudicial quando se cristaliza ao longo do tempo. Todas essas respostas são organizadas no próprio corpo, modelando sentimentos, percepções e pensamentos que limitam nossa capacidade de aprender e evoluir diante de encontros e estímulos novos.

O que pode favorecer o processo de descongelamento?

Toda mudança precisa de um tempo de maturação, seja ela o nascimento de uma flor, seja o culminar de uma idade, seja uma transformação no modo de viver. É muito difícil viver o fim prematuro e inesperado de um ciclo. Quando uma situação ou um ciclo acaba – ou seja, quando aquilo que era estável já não pode prosseguir ou não faz mais sentido – é preciso reconhecer que algo mudou definitivamente e que a vida não será a mesma. O reconhecimento de um fim é o primeiro passo para a mudança. A vida mudou e não adianta repetir o mesmo padrão. No processo de ending (finalização) – como Stanley Keleman chama o término de um ciclo –, depois da aceitação há um período de desmanche dos antigos padrões, fase extremamente necessária para encerrar uma etapa da vida. Passar de um casamento para outro quase imediatamente, por exemplo, pode significar que trocamos de parceiro apenas para reforçar nossas expectativas não realizadas com o parceiro anterior. Se não nos permitimos o tempo interno necessário para que os antigos padrões se reformulem, como abrir espaço para um novo começo? Não se pode evitar um tempo de luto, de despedida interna. É o que Keleman chama de plano intermediário, uma pausa solitária e curativa necessária para que novas conexões e possibilidades sejam gestadas dentro e fora de nós.

Quando não há essa pausa, acabamos levando velhas formas para novas situações?

Sim. Precisamos de um tempo para voltar a pulsar de maneira plena, com energia suficiente para fazer frutificar novos movimentos, idéias ou formas de se relacionar. Quando deixamos um ciclo de fato se encerrar, sem pressa, conseguimos voltar à vida mais íntegra. A pausa faz surgir novos hábitos, encontros, jeitos de fazer as coisas, interesses, necessidades. É extremamente importante ter um tempo para cultivar e experimentar essas novas formas de viver, senão há risco de voltar ao antigo padrão, o que significa retroceder no processo de amadurecimento.

Ao reagir, há algum modo de impedir que o jeito antigo predomine?

Imagine a situação: alguém termina um namoro a duras penas e, quando está conseguindo esquecer, o ex-parceiro pede para voltar. A dificuldade é não saber o que fazer diante de uma situação que nos transporta de volta ao conhecido. Para evitar uma reação automática é preciso identificá-la e estar muito consciente dessa armadilha. Será que você cede fácil sob pressão? Será que fica confusa e não decide o que fazer? Ou logo desiste de mudar? Além de reconhecer o impulso que nos move quando ficamos entre assumir um novo desafio ou voltar ao conhecido, é preciso enxergar e alterar a imagem corporal que assumimos nesses momentos.

Por que é preciso identificar a reação corporal nos momentos de desafio e decisão?

Vamos supor que toda vez que um ex-namorado liga você fique confusa. Meu conselho é observar como o seu físico reage: o coração começa a bater forte? Você fica dividida entre continuar a conversa ou interromper? Se assim for, vai perceber que um lado do seu corpo vai para frente, enquanto outro vai para trás. A respiração pode ficar rápida, superficial: o peito afunda e estufa depressa, a nuca endurece, vem um aperto na garganta... O estômago pode se retrair ou a visão se turvar. Nesse estado, a mente já não pensa com clareza e então você responde o que o outro quer que você responda, e não o que você queria responder. É importante saber como o corpo reage para conseguir desacelerar essas reações físicas automáticas, um grande recurso para evitar comportamentos automáticos. Brecar esses processos automáticos lhe dá tempo de hesitar entre avançar ou recuar, o que significa uma oportunidade de entrar em conexão mais profunda com você mesma e só depois disso agir.

Como se pode relaxar o corpo, livrá-lo do automatismo para obter esse tempo precioso?

Concentrar a atenção na respiração é o caminho para relaxar a tensão muscular, o diafragma, desfazendo a rigidez da coluna e da nuca. Respire, respire, sem pressa. Aos poucos, você vai voltando a sentir os pés no chão, o coração mais ritmado, o fôlego de volta ao normal. Um corpo relaxado ajuda a recobrar a consciência e o controle emocional. Daí, você estará pronta para decidir o que de fato quer. Ao praticar essa desaceleração, recupera-se a chance inestimável de responder de acordo com o que realmente se deseja.



Rosani - Blog Fragmentos de uma alma perfumada

quinta-feira, 24 de março de 2011

A fila é grande...



 Quando eu fraquejar,
quando meus problemas
eu não puder agüentar,
quando meu corpo doer
e minha alma latejar
me ajude a continuar.

Quando a minha visão embaçar
e eu tiver dificuldade de enxergar
tudo que me rodear,
quando eu sentir que vou sufocar,
quando o peso, em meus ombros,
for tão grande que eu não possa me deslocar,
amenize-o para que eu possa caminhar.

Quando tudo me parecer perdido
e eu já tiver sofrido
além do meu limite
me mostre que Você existe.

Me ajude a reencontrar a fé
e me prove que ela é
a única força que pode amparar
meu corpo e minha alma
em qualquer situação e lugar.

Quando eu me sentir impossibilitada de orar
porque não consigo me concentrar,
e, por isso, estiver me sentindo culpada,
devolva-me a calma para que eu possa raciocinar.

Quando a minha ansiedade
desenvolver uma alta velocidade
e eu me machucar numa derrapagem,
puxe o meu freio de mão
estendendo-me a Sua mão.

E, então, quando tudo isso passar,
quando essa fase, em minha vida, terminar
e eu me encontrar,
prometo demonstrar agradecimentos
em todos os meus momentos.

Sei que não sou a única a pedir,
muito menos a implorar.
A fila é grande, eu posso imaginar,
mas já peguei a minha senha
e pretendo esperar.
 
Silvana Duboc
 
 
 

quarta-feira, 23 de março de 2011

Do bom e do melhor...



Estamos obcecados com “o melhor”. Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do “melhor”.
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.Bom não basta. O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com “o melhor”. Isso até que outro “melhor” apareça – e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego. Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.
Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos.Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros…) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa? E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o “melhor chef”? Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo “melhor cabeleireiro”?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o “bom” que já temos. A casa que é pequena, mas nos acolhe.O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito.O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens “perfeitos”.
As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo… O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.
Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na busca do “melhor” a gente nem percebeu?”

 
Leila Ferreira – Jornalista


terça-feira, 22 de março de 2011

O novo nasce do caos...



As crises, por mais dolorosas que nos pareçam a princípio, trazem em si a semente de um renascimento. Somente quando algo atinge um ponto insustentável, é que nos mobilizamos para sair daquela circunstância e buscar uma nova alternativa.
A tendência usual do ser humano é querer manter, a todo custo, a segurança, aquilo que é conhecido, onde ele se sinta absolutamente confortável. Entretanto, na segurança e no conforto reside igualmente a estagnação.
A segurança absoluta é uma ilusão, pois é contrária à essência da vida, que consiste em mudanças permanentes. Apesar disso, preferimos continuar nos agarrando à crença de que tudo é sólido e indestrutível.
Então, quando o inesperado se apresenta, perdemos o chão, pois nunca estamos preparados para viver sem aquilo que construímos. Nos momentos de perda, quando nos conscientizamos de que nosso mundo ruiu, nada do que aprendemos, nenhum conhecimento intelectual que tenhamos adquirido será capaz de nos servir de apoio.
É na segurança interior, na certeza de que a realidade material não constitui a verdadeira essência da vida, que podemos encontrar a base, o alicerce que nos manterá de pé, apesar de tudo. Somente esta certeza poderá nos trazer a serenidade para buscar uma saída.
E ela virá, quanto mais formos capazes de olhar para o lado e buscar em nossos semelhantes o apoio e a força de que necessitamos. O amor e a solidariedade são as únicas ferramentas capazes de juntar nossos pedaços e nos fazer acreditar que o novo sempre poderá surgir.
"Esta é uma crise muito grande”. Se tomarmos o desafio, esta é uma oportunidade para criar o novo... vocês estão vivendo em uma das mais belas eras, porque o velho está desaparecendo e um caos é criado. E é só a partir do caos que grandes estrelas nascem.
Vocês têm a oportunidade de criar um novo Cosmos. Esta é uma oportunidade que só acontece de vez em quando: muito rara. Vocês têm sorte de estarem vivos nestes momentos críticos. Usem a oportunidade de criar o novo homem. E para criar o novo homem, vocês têm que começar consigo mesmos.
O novo homem será um místico, um poeta, um cientista; todos juntos. Ele não vai olhar a vida através de divisões podres. Ele será um místico, porque ele vai sentir a presença de Deus. Ele vai ser um poeta, porque ele vai comemorar a presença de Deus. E ele vai ser um cientista, porque ele irá procurar essa presença através de metodologia científica. Quando um homem é todos os três juntos, ele é um todo. Esse é o meu conceito de um homem santo.
O velho homem era repressivo, agressivo. O velho estava fadado a ser agressivo, porque a repressão sempre traz a agressão. O novo homem será espontâneo, criativo. O velho homem viveu ideologias; o novo homem não viverá através de ideologias, não viverá através de moralidades, mas através da consciência.
O novo homem será responsável; responsável por si mesmo e pela existência. O novo homem não será moral, no velho sentido, ele será amoral.
O novo homem traz um mundo novo com ele.
Agora o novo homem é obrigado a ser uma minoria mutante, mas ele é o portador de uma nova cultura, a semente. Ajude-o! Anuncie sua chegada sobre os telhados: essa é a minha mensagem para você.
O novo homem é aberto e honesto. Ele é transparente, verdadeiro, autêntico e auto-revelado. Ele não será um hipócrita. Ele não vai viver através de metas, ele vai viver aqui e agora. Ele conhecerá apenas um tempo, o agora e só um espaço, o aqui. E através dessa presença, ele saberá o que é Deus.
Alegrem-se! O novo homem está chegando, o velho está indo. O velho já está na cruz e o novo já está no horizonte. Alegrem-se! Eu digo de novo e de novo, alegrem-se!


Rosani - Blog Fragmentos de uma alma perfumada

segunda-feira, 21 de março de 2011

domingo, 20 de março de 2011

Não se arrependa...


 
 
Não se arrependa do passado; aprenda com ele.
Lá longe, no distante passado, está a idéia das coisas que um dia existiram e como elas afetam quem somos hoje em dia.
Arrependemo-nos das coisas que não fizemos, e desejamos poder mudar as coisas que fizemos errado. Deveríamos, contudo, olhar para o futuro.
Acabamos perdendo nossas vidas com remorso e não enxergando todas as boas coisas que estão acontecendo no presente.
Se olharmos para o futuro, certamente encontraremos, pelo menos, um pouco da felicidade que fará nossas vidas valer a pena.
Você pode encontrar conforto nas idéias e ações das pessoas que rodeiam você.
Elas vão ajudar você a superar os momentos difíceis e também ficarão felizes quando tudo estiver bem.
Apenas procure os dias mais luminosos e você vai ver o lado bom da vida.
Muitos problemas podem surgir e as coisas parecerão erradas, mas apegue-se às suas virtudes.
Mantenha sua cabeça erguida de modo que todo mundo possa ver quão especial você é... e você vai conseguir.



Maria José - Blog Arca do Conhecimento
 
 

 

sábado, 19 de março de 2011

Como eu amei!!



O padre estava terminando o serviço fúnebre na hora do sepultamento. De repente, o homem de 78 anos, cuja esposa de 70 anos acabara de morrer, começou a gritar: - "Oh, como eu a amei!" Seu lamento desolado interrompeu o silêncio da formalidade. Os outros familiares e amigos permaneceram de pé em torno da sepultura, parecendo chocados e embaraçados. Seus filhos, envergonhados, tentaram silenciar seu pai. Está certo, papai; nós entendemos. O velho homem olhava fixamente o caixão descer lentamente na sepultura. O padre continuou. Terminando, ele cumprimentou os familiares que, um a um, foram deixando o local. Todos, exceto o velho homem. - "Oh, como eu a amei!" Gemeu ruidosamente. Sua filha e dois filhos novamente tentaram contê-lo, mas ele continuou. - "Como eu a amei!" Aquele homem permaneceu olhando fixamente para o sepulcro. O padre o abordou dizendo: "eu sei como você deve se sentir, mas está na hora de irmos embora." Todos devemos ir e continuar nossa vida. "Oh, como eu a amei!" Disse novamente o velho homem ao padre. "Você não faz idéia..." "Eu quase disse isso a ela, uma vez..."
Incontável número de pessoas passa por uma situação semelhante a essa. São esposas e esposos, filhos, irmãos, tios, amigos, que passam uma vida inteira juntos e não têm coragem de declarar seus sentimentos. No momento em que o criador, pai amoroso e bom, vem requisitar nosso ente querido, e este viaja com destino ao mundo espiritual, muitas vezes fazemos como aquele esposo e gritamos com todas as forças que nós o amamos, mas é demasiadamente tarde... Para que você não fique com uma declaração de amor presa na garganta, diga hoje mesmo o que você sente pelos seus afetos. Diga ao seu filho o quanto você o ama. Fale para os irmãos que eles são importantes para você. Talvez a felicidade deles dependa dessa declaração. Confidencie aos seus pais que você os ama, se é que ainda não o fez. Isso lhes trará uma alegria inesperada. Não esconda dos seus amigos o que você sente por eles. Talvez eles desconheçam seus sentimentos de ternura. Abrace seus avós, se ainda os tem por perto. Um abraço de neto representa o maior dos tesouros. E, talvez, o melhor dos remédios. Confesse ao seu esposo ou a sua esposa o seu amor. Isso fará com que o relacionamento se torne mais agradável e os eventuais problemas se tornem mais fáceis de superar. Pense nisso e tome uma atitude agora. Conjugue o verbo amar no tempo presente. Pense nisso! Uma palavra de ternura, um gesto de carinho, uma declaração de amor, são imensa força positiva para a auto-estima de alguém que se sente só ou em depressão. Às vezes pensamos que as pessoas sabem o que sentimos por elas e por isso não dizemos, mas nem sempre elas adivinham. Na dúvida, não deixe de declarar seus sentimentos de afeto. Essa atitude trará bem-estar aos seus amores e também a você. Pense nisso!

 
Fonte: Equipe de redação do Momento Espírita - Por Maria José


sexta-feira, 18 de março de 2011

Você só atrai pessoas problemáticas?



Outro dia, no banheiro de um restaurante, ouvi uma mulher comentando com a amiga sobre o quanto estava cansada de só atrair homens problemáticos. Chegou a dizer que estava com a impressão de que havia se tornado uma espécie de pararraios de malucos.
Segundo a tal desiludida, toda relação que começava como uma promessa de prazer e alegria, logo se revelava um poço de problemas e encrencas. Naquele momento, senti que ela pedia um socorro a amiga, querendo saber se deveria continuar tentando encontrar alguém legal ou se seria melhor ficar sozinha.
A outra, tentando ser solícita e compreensiva, repetia com firmeza que era bem melhor ficar sozinha, porque realmente havia muito “doido” pelo mundo e não valia a pena insistir e arriscar de novo, afinal, beijo na boca não faltaria a nenhuma das duas, segundo ela.
Saí do banheiro bastante reflexiva, tentando imaginar o perfil de loucura dessas pessoas a quem elas se referiam. Tentando imaginar, sobretudo, que tipo de pessoa atrairia tantos malucos a ponto de desistir de se relacionar e desacreditar no amor.
Afinal, a mim parece que ninguém atrai alguém por mero acaso. Ainda mais quando se tratam de casos semelhantes que se repetem indefinidamente. A primeira questão que eu me faria, num caso como esse, é: “o que será que eu ainda não percebi, não aprendi e não mudei?”
Sim, porque se uma pessoa só experimenta relações problemáticas, com toda certeza não está resolvida com suas próprias complicações significativas. Se só atrai malucos, é porque a sua maluquice está gritante, evidente e atraente.
E se, por fim, desistir das pessoas, do amor e dos relacionamentos, estará decretando a si mesma uma sentença desastrosa – a de que todos os demais, exceto elas mesmas, são “doidos” e, portanto, indignos de se tornarem parceiros. Servem apenas para beijar na boca.
De verdade, nada contra os beijos na boca. Pelo contrário, é certamente uma aproximação prazerosa. No entanto, quando uma pessoa não passa, aos olhos da outra, de uma possibilidade de beijar na boca, certamente há algo muito distorcido nesta história.
Partindo do princípio de que os incomodados é que devem mudar, eu diria a essa moça ou a qualquer pessoa que esteja se sentindo um pararraio de problemáticos para aproveitar o sinal que a vida está emitindo para se rever e descobrir por que está atraindo isso…
Se acreditar que os opostos se atraem, deve então observar seu excesso de normalidade, sua extrema rigidez ou sua exacerbação de autocrítica. E se acreditar que semelhante atrai semelhante, então nem será preciso pensar tanto. Certamente está precisando reconhecer sua própria doidice e sua falta de noção.
O fato é simples: quanto mais estressantes e confusas são as relações de uma pessoa, mais longe ela está de sua essência e da harmonia que precisa ter com seu próprio coração. À medida que ela se conhece, sabe o que quer e age de modo coerente, pode ter certeza absoluta de que só atrairá e se tornará atraente a quem estiver nesta mesma sintonia…


Rosana Braga

quinta-feira, 17 de março de 2011

Moço...



Entenda uma coisa moço, eu já passei por poucas e boas. Que foram bem poucas e nada boas. Eu não posso te ensinar a me amar, nem mesmo a me querer como eu gostaria. Posso apenas te dar dicas, te dizer coisas, tentar. Mas entenda que se você não colaborar eu não vou conseguir, porque eu estou me sentindo mais dura, mais fria. Eu estou tentando ser menos emotiva e se eu não me sentir segura com você eu não vou poder ser eu. Entenda moço que eu tenho medo, talvez do mesmo jeito que você tem, eu sou insegura e confusa talvez do mesmo jeito que você é. Infelizmente eu gosto de mimos, não gosto de disputas de poder. Entenda moço que eu tenho medo e que cada vez que você banca o durão você me afasta de você. Eu não quero uma fortaleza, moço, eu quero um porto seguro, um abraço seguro, um beijo seguro. Entenda que eu gosto mas preciso sentir que você gosta porque enquanto não sentir isso, vou me manter a salvo do amor. Porque entre poucas e boas eu definiria poucas e más. Então poxa, moço, será que seria pedir muito quando eu falo: cuida de mim?


Hospício da Tia Luh by Pri


quarta-feira, 16 de março de 2011

Viver...



Quantas vezes podemos nos pegar pensando nas coisas corriqueiras da vida, sobre relações afetivas, decisões a tomar, frustrações, momentos de muita vergonha, anseios profissionais e expectativas para o futuro? Assim como também relembrar de algumas marcas fortes dentro de nossa alma que nos faz sentir uma saudade enorme, seja de antigos relacionamentos, amigos ou parentes que nos deixaram, e também buscar em nossa memória situações que vivenciamos intensa alegria, tidos como dias inesquecíveis.
Se um dia nos pegarmos nesses momentos, é bem interessante pararmos para observar uma coisa surpreendente que está acontecendo conosco: “Somos uma coisa que pensa!”
Óh sim, uma coisa que pensa! Que algo tão maravilhoso é poder pensar, poder duvidar, questionar, planejar, negar e afirmar. Sim! O pensar é uma ação que afirma nossa existência como sujeito individual, como já foi dito por um tal de Descartes.
Somos então uma existência que afirma a vida, somos lançados ao mundo como seres finitos e temporais, e por sermos algo vivo estamos sujeitos ao movimento.
Sim! Ao movimento! Que constatação sensacional! Somos seres que vivenciamos um feixe de possibilidades, uma maravilhosa riqueza de opções, uma exuberância na variedade e na fartura de sermos uma existência.
E diante desta afirmação, podemos então perceber que a existência é magnífica, não apenas ser um mesmo modelo para o resto da vida, estando preso a idéias, valores, relacionamento, tipos, situações, mas poder vivenciar, POIS VIVENCIAR É MUDAR, se lançar em novos objetivos, permitir conhecer coisas novas, fazer coisas diferentes, poder fazer cinco anos uma faculdade de direito e quando for se formar largar tudo para ser um garçom num boteco de uma praia. Ou ser um evangélico a vida toda, e nos últimos dias de sua vida poder fazer uma tatuagem de uma garrafa de Vodka, uma mulher pelada e uma frase "FUCK YOU" no meio das costas. Não é SURPREENDENTE como podemos mudar as coisas em nossa volta e em nós mesmos?
Podemos sempre nos lançar a novos desafios, isso não é Maravilhoso?
Um discípulo Zen uma vez perguntou ao seu mestre qual era o melhor caminho para se livrar do Sansara, a roda vida, do Karma, das reencarnações, e o mestre volta para ele, e simplesmente pergunta, “mas quem te colocou neste cativeiro”?
Somos livres para sermos livres a hora que quisermos, para existirmos, nos divertir, sorrir, se emocionar, chorar, abraçar, descobrir, perdoar, amar e ser feliz. Mesmo aquele apego mais forte que temos dentro de nós de uma paixão e/ou amor intenso já vivenciado com alguém, mas que a vida desfez isso, nós PODEMOS nos libertar! A qualquer hora, pois Há vida dentro da gente querendo viver, querendo mudar, vivenciar novas formas de se apaixonar, amar, conhecer...
O mundo se movimenta, e nós nos movimentamos com ele e por nós mesmo, mas o que nos faz nos movimentar? Se movimento é vida, o que nos faz viver? Não é difícil perceber que sem a respiração não poderíamos viver, quando respiramos temos animo, despertando para o mundo. Para os antigos Latinos, a palavra respiração é espírito e animo é alma. Então somos movidos por um espírito que nos preenche de alma, ou uma respiração que nos preenche de animo, essa respiração nos liga com o mundo em movimento. Aqueles que perdem a sintonia com esse movimento precisam apenas se re-ligar a está constatação divina.
Um mestre taoísta, Chuang Tzu certa vez disse: “Você nasceu: que esforço você fez para nascer? Você cresce: que esforço terá feito para crescer? Você respira: que esforço faz para respirar? Tudo se move por conta própria, por que então preocupar-se?...”
Somente temos a obrigação nessa vida de se divertir, viver e ser feliz, sem se preocupar com os novos desafios que a vida ira nos dar. E como somos finitos no tempo temos ainda a imensurável beleza de que a morte pode acontecer a qualquer momento, recheando-nos com mais emoções, sensações de medo, “frio na barriga”, sensações de “perder o fôlego”. Ah! como a vida é extraordinária!
Mesmo diante dos momentos mais difíceis da nossa vida, quando estamos lá em baixo, perdendo totalmente o sentido das coisas, a vida ainda nos dá o direto de tirarmos a nossa própria vida, na hora que quisermos numa extrema liberdade!(sorrisos) Mas mesmo assim nesses momentos podemos fechar nossos olhos e encher nossos pulmões de ar energizando nosso corpo, onde um calor nos esquenta, e junto uma luz se ascende em nosso coração, o animo, a alma se manifestando dentro de nós, e quando soltamos o ar, ele leva embora todas as nossas tristezas, medos e ressentimentos, nos limpando para a próxima respiração, para o próximo desafio, para nos deixar leve, para nos libertar de qualquer peso que esteja em nossas costas, impedindo de sermos felizes, e se surgirem vozes em nossa cabeça dizendo que “não podemos, não devemos”, nos libertamos delas também, sem se preocupar e se perguntar se elas são do pai, professor, mestre ou um pastor qualquer, nos libertar para sermos Felizes.
E quando novamente puxamos o ar, sentindo o calor dentro de nós, e olhamos para nossa luz interna passamos a perceber que somos criaturas divinas, a manifestação em movimento de Deus. E essa luz que há em nós, aumenta com tamanha intensidade, fazendo subir um fervoroso êxtase nos dando um imenso estado de plena graça. Ai que nos entregamos e permitimos que esta luz de puro amor que há dentro de nós, passe a nos ILUMINAR!



Leandro C. Alves



terça-feira, 15 de março de 2011

Maldita flor...



A vida um caos e ela ali achando que aquele vaso com flor amarela, no canto do quarto, perto da janela, amenizava seus problemas. Olhava pra ela e acreditava que o pequeno objeto trazia sossego no meio de todo aquele inferno, revistas empilhadas, discos desarrumados, dois livros lidos pela metade e abandonados quase no mesmo canto, meia xícara de café gelado em 48 horas, camisetas pretas pra dobrar, jeans pra guardar, preguiça! Naquele dia percebeu que tinha tudo e não era feliz, guardou a auto-estima dentro do armário, trancou e foi dormir chorando... Acordou com os olhos inchados, procurou a chave do armário entre as coisas desarrumadas, entre as coisas empilhadas, entre aquele caos que refletia sentimentos... Não havia mais chave, sentada no canto do quarto, com o pequeno vaso no colo, arrancou pétala por pétala da pequena flor amarela, presente de olhos fechados, cabelos despenteados, teve força apenas para gritar com a cabeça pra fora da janela, berrar perguntando para a cidade cinza, já amanhecida: Por que só mal me quer naquela maldita flor?


Eduardo Baszczyn




segunda-feira, 14 de março de 2011

Pra escolher...



“Dá pra escolher entre ser carnívoro ou vegetariano, entre fumar ou não, entre correr na praia ou ficar um pouco mais na cama, entre jogar paciência ou ler um livro, entre amores serenos ou amores turbulentos. Se a escolha será acertada, aí já é outro assunto, o futuro vai dizer. Pensando bem, acertos e erros nem estão em pauta aqui. O que importa é ter consciência de que ficar sentado esperando que a vida escolha por nós não é uma opção confortável como parece. Descansados da silva, vem o tempo e crau: nos ultrapassa.” 


Martha Medeiros

Amando a Deus!

 
 
"Continuo amando a DEUS, mesmo quando os "milagres" que eu imploro não acontecem.
 
Continuo acreditanto em DEUS, mesmo quando os pedidos que faço em minhas orações não são atendidos.
Pois os milagres que imploro e os pedidos que faço, se baseiam em minha vontade e DEUS não está aqui para me dar o que eu desejo...
 
DEUS está aqui para me dar o que eu preciso."
 
 
 
Padre Fábio de Melo

 

domingo, 13 de março de 2011

Laços de presente...

 
Muitas foram as pessoas que passaram pela minha vida, entre elas, algumas conseguiram deixar sua marca (sejam boas ou ruins ou ambas), outras simplesmente passaram, como vento forte no rosto em tarde com previsão de chuva...
Com algumas poucas eu cortei laços quando enxerguei que não me fariam bem e seriam apenas um nó na fita de cetim delicada que envolve minhas relações... Não sinto remorso pelo corte de laços, me sinto sim incomodada com o fato de me sentir "presa" e "enlaçada" a alguém.
"Presa" e "enlaçada" pois relações que valem a pena um laço, não precisam da necessidade da prisão, do alojamento da alma ou do enclausuramento do coração...
Relações são escolhas, são laços que permitimos serem feitos ou não, como se fossem trocas de presentes... E estou dizendo daqueles laços lindos coloridos, todo cheios de enfeites, mas que são livres com apenas uma puxada das pontas e mesmo assim continuam com a beleza da fita, para se criar novos e mais bonitos laços, mesmo que sejam dentro da mesma relação, qual o problema? Viva a renovação, a recriação e o renascimento.
As relações são trocas voluntárias de afeições, são construções diárias de carinho, amizade, cumplicidade, lealdade e sobretudo são demonstrações cotidianas e espontâneas da importância que o outro possui para você e mais ainda, da importância que ele exerce em quem é e pretende ser, da importância e da diferença benéfica que ele faz na tua vida. 
Essa importância é o que realmente faz valer a pena os laços afetivos de vida que criamos com as mais variadas pessoas e em diversos momentos de nossa existência. Estamos sempre procurando nos enlaçar...
Porém, quando não existe mais o desejo de crescer junto, de estar junto, de dar importância e torna-se indiferente o motivo do sorriso ou do choro, perde-se o propósito do "presente" dado. Aquela caixa toda embrulhada e linda que ganhou um dia, torna-se um obstáculo e não mais uma alegria...
Muitas vezes é preciso abrir os olhos mais atentamente para enxergar os nós que vão se formando ao longo do laço que obstruem a passagem e estragam a surpresa do presente. De maneira errante vamos entrelaçando os nós, tentando refazer laços que já amassaram a fita e não vão mais embelezar o embrulho.
Precisamos saber separar o que nos foi dado, guardar as boas lembranças do presente e simplesmente desatar os nós...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
By Flor 
 

Wedding Tickers

 

sábado, 12 de março de 2011

Dentro de mim...



 
“É impossível.” disse o orgulho.
“É arriscado.” disse a experiência.
 “É doloroso.” disseram as mágoas.
“É complicado.” disseram as lembranças.
“É absurdo.” disse a consciência.
“É sem segurança.” disse a intuição.
“É sem certezas.” disse a desilusão.
“É inútil e ilusório.” disse a razão.
“Se não tentar novamente, não saberás.” disse a lucidez.
“Persista! Ainda há amor... Dê uma chance!” sussurrou o coração que venceu todos os outros dizeres!
 
 
By Flor
 


Wedding Tickers

Mulher destecelã...



Eu tive que desfazer depressa, descosturar tudo antes que você chegasse. Eu desfiei as noites em que você me abraçaria e me aqueceria, enrolando seus sonhos nos meus cabelos. Noites embaixo de árvores, folhas secas no chão, carinhos lentos, risos baixos, vida completa. Eu desbordei uma tapeçaria de segredos. A cumplicidade que teria com você, as nossas mãos se tocando como que ao acaso. Eu precisei desmanchar meus carinhos no seu rosto, antes que você os visse. Eu, depressa, descosi os sorrisos que daria, os bilhetes que enfiaria nos seus cadernos, os telefonemas que daria escondida. Eu precisei desmanchar, pétala por pétala, qualquer margarida roubada que eu pudesse lhe dar. Bem rápido eu puxei os fios, cortei com tesoura, rasguei com os dentes, antes que você pudesse chegar e ver tudo que eu já havia tecido para nós. Fios rompidos no chão, enovelados, enosados, sobras coloridas do que não poderá mais ser. Deu tempo. Quando você chegar verá destroços meus no chão. Não verá nossas noites, nossos carinhos, nossas mãos dadas à esmo. Verá só a confusão de fios e panos. Talvez pergunte o que é. Talvez nem se importe. E eu não vou dizer nada. Não vou me importar também. Mas ao sair, ao sair ainda vou olhar para a lã vermelha, toda arrebentada, e vou saber. Só eu vou saber. Aquilo ali já foi o meu coração. E eu havia bordado para dar a você. Mas você não quis."


Texto caído de uma das poeirentas cartas de Clarissa.




V. Linné



sexta-feira, 11 de março de 2011

Superação...



"Aprimorar. É um conceito simples. Significa superar a si mesmo. Mostrar algo especial. A vida é engraçada às vezes. Pode ser muito dura. Como quando você se apaixona por alguém que não te ama. Como quando seu melhor amigo te deixa sozinho. Como quando você aperta o gatilho ou esvazia um frasco de comprimidos e não pode voltar atrás. Dizem que não reconhecemos os momentos importantes quando estão acontecendo. Pensamos nas idéias, nas coisas ou nas pessoas e subestimamos tudo. E até não estar a ponto de perder algo, ninguém percebe o erro. Então você percebe o quanto precisava daquilo. E o quanto amava aquilo. Meu Deus, eu amo... Ouviram a frase: "O bom da vida é grátis?" Essa frase é verdade. Às vezes as pessoas aprimoram. Tentam se superar. Às vezes elas te surpreendem, às vezes a gente se decepciona. E às vezes a vida é engraçada. Pode ser muito dura. Mas, se você olhar bem, vai encontrar esperança nas palavras de uma criança, nas notas de uma música e nos olhos da pessoa que você ama. E se você tem sorte mesmo, se você é a pessoa mais sortuda do planeta, a pessoa que você ama decide te corresponder."


One Tree Hill


quinta-feira, 10 de março de 2011

O tempo...


Chorar não resolve, falar pouco é uma virtude, aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoismo. Para qualquer escolha se segue alguma consequência, vontades efêmeras não valem a pena, quem faz uma vez, não faz duas necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze. Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível. Quem te merece não te faz chorar, quem gosta cuida, o que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente, não é preciso perder pra aprender a dar valor, e os amigos ainda se contam nos dedos. Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida, e o que nunca deveria ter entrado nela. Não tem como esconder a verdade, nem tem como enterrar o passado, o tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos.


Charles Chaplin

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